segunda-feira, 8 de outubro de 2012

DA DISSOLUÇÂO DAS MÁGOAS


Como já falei aqui anteriormente, aliás, por inúmeras vezes, minha vida nos últimos anos, para ser bem preciso, nos últimos três anos oito meses e doze dias, tornou-se uma completa incógnita para mim mesmo. Tenho experimentado uma gama de situações que jamais julgaria possíveis, anteriormente, fui expulso da minha zona de conforto e passei a enfrentar uma realidade totalmente diversa da minha usual. Por minha total responsabilidade, é bom que seja dito.
E neste estranho enredo em que me vejo sendo o protagonista, o redator não me dá a mínima dica das próximas falas ou do papel que tenho de desempenhar, não tenho nenhum Ponto, sendo que ponto é aquele auxiliar que no teatro dá a dica quando o interprete esquece o texto, mas é assim com todo mundo, devo ressaltar, como diz esta fantástica escola filosófica, chamada Face Book:¨ A vida é uma peça que não permite ensaios ¨. Vai vendo aí, no que pese não haver contraditório, gostei desta expressão que aprendi com nossos Magistrados da Suprema Corte.
Depois de haver tomado algumas cervejas além do usual durante o almoço de domingo com meu filho, estou envolvido por esta névoa que embaralha o raciocínio lógico, mas resolvi assim mesmo, extravasar o que me vai pelo sentimento.
Neste último sábado, dia 06 de outubro de 2012,  por um destes acasos, e eu não acredito de forma alguma em acasos, tive uma oportunidade única de me livrar de uma parte das sombras que durante algum tempo se faziam minhas companheiras.
Muito raramente estamos dispostos a OUVIR as pessoas, não disse escutar, mas sim OUVIR,  ouvir realmente o que o outro tem a nos dizer, 
Em nossa extremada soberba, nos julgamos os senhores da verdade, portando, nada há que o outro possa dizer que tenha maior significado para o nosso próprio aprendizado, e assim agindo, vamos semeando sombras ao nosso redor, sombras que um dia acabam por obstruir qualquer luminosidade possível em nosso espírito.
Uma das maiores dores, ou melhor dizendo, um dos maiores sofrimentos pelos quais passei, foi não ser ouvido realmente quando o que eu falava não saia apenas da minha boca, mas sim da minha alma, contudo entendo perfeitamente que se tenho direito de falar, o outro tem também o direito de não querer ouvir, mas em um primeiro momento, foi uma experiência de tal forma traumática, que não está em meus planos reeditar, como se a vontade tivesse força suficiente para impedir a repetição.
Não posso afirmar se fui realmente de fato ouvido, espero que sim, porém apenas pelo fato de ter podido expressar o que estava represado na alma, me proporcionou uma libertação de sentimentos menores que se faziam meus companheiros de jornada, me envenenando pela sua simbiose.
Raiva é uma emoção perfeitamente natural, todos nós  somos dela reféns em determinados momentos de nossa trajetória, mas os SENTIMENTOS de rancor e mágoa, muitas vezes nos direcionam ao ódio, veneno insidioso que contamina toda nossa circulação espiritual e nos prende a terra,  impedindo-nos de alçar vôos mais plenos.
Honestamente, nunca odiei ninguém, Deus me livre deste sentimento vil e depressivo, mas andava carregando algumas pequenas mágoas pelo meu trajeto, e mesmo sabedor das conseqüências de abrigar esta casta de sentimentos, mesmo que em doses menores, não conseguia deles me liberar, justificava-me intimamente, como sempre fazemos, julgando-me credor, esquecendo-me convenientemente dos inúmeros débitos d alma, contraídos junto a terceiros.
Sempre que leio a passagem evangélica referente a mulher adúltera, onde Jesus foi posto à prova quanto a validade da lei judaica que preconizava o apedrejamento da mulher que fosse apanhada em adultério, vejo-me sempre na condição daqueles que após serem confrontados com o singelo ensinamento, foram saindo de fininho, despistando, fingindo que nem estavam ali, jogando suas pedras para bem longe e achando um absurdo que alguém pudesse querer jogar um pedregulho que fosse na azarada criatura apanhada em flagrante delito.
Pois é, aquele que se ache isento de erro que atire a primeira pedra. No entanto enchemos freqüentemente nossas almas com paus e pedras, cheios de uma razão que não possuímos, amparados no que sempre denominei, certeza da ignorância. 
Já repararam como certos indivíduos são capazes de afirmar com a mais absoluta certeza que dois mais dois perfazem cinco? 
E ai de quem os ousar contrariar, será chamado de teimoso, isto para me restringir ao mínimo do que é de fato falado.
Conheço, como tenho certeza que todos também conhecem,  os dois lados desta moeda, já teimei que era certo, estando completamente equivocado, assim como fui contestado arduamente quando a verdade estava ao meu lado. Tudo isto é parte do processo de aprendizado.
As matérias primas de nosso processo evolutivo são a VIVÊNCIA e a EXPERIÊNCIA, operadas pelo APRENDIZADO e a PRÁTICA, não há outra forma de evolução, li muito recentemente a formulação de um pensamento sobre este assunto:  O que o homem não conhece, para ele não existe, o mundo tem a abrangência do seu conhecimento. Infelizmente não recordo o nome do inspirado autor do enunciado, mas nada existe de  mais cristalino do que o que foi tão bem sintetizado. Só reconhecemos e damos conta do que nos é conhecido, não poderia ser diferente, e assim também se faz em tudo mais que nos cerca, em relação aos nossos sentimentos então é infalível.
Só reconhecemos a mentira porque também a experimentamos em determinado momento, acusamos o semelhante de toda forma de defeitos, sem perceber que os julgamos tomando por base e medida a nossa própria falibilidade e inferioridade.
Não possuo autonomia para aconselhar quem quer que seja, contudo deixo aqui não um conselho, mas sim um pedido. Tenham a inteligência e a virtude da caridade em ouvir o que o outro tem a dizer com isenção de sentimentos. Temos o inalienável direito de discordar de tudo o que nos for dito, mas quando abrimos o nosso ouvido espiritual de forma isenta, muitas vezes nos surpreendemos em erros de avaliação. Querem o mais simples dos exemplos? Quem de nós já não antipatizou gratuitamente com alguém e a vida encarregou-se de transformar esta antipatia gratuita em amizade, afeto e muitas vezes convertê-la em amor.
Este texto hoje serve como uma forma de agradecimento por ter sido ouvido, ou ao menos,  me ter sido permitido falar, mas muito mais do que isto, agradeço a oportunidade de esvaziar esta mágoa corrosiva que vocês podem lamentavelmente identificar em textos anteriores que fiquei tentado a deletar deste blog, mas que percebi ser didaticamente útil deixar aqui registrado para que eu próprio pudesse entender os mecanismos que me levaram a escrevê-los.
Agradeço pela emoção do abraço que percebi sincero e tão ansiado, de ter sido tratado com respeito, tratado com o antigo carinho e afeto que tanto bem me fez, os quais, apesar da confessada mágoa, nunca foram esquecidos ou desvalorizados, muito ao contrário, estas lembranças foram o  impeditivo para que esta mágoa insipiente transformasse-se em um sentimento mais viral, mais destrutivo, principalmente para mim mesmo, como sempre acontece com quem os abriga, pois a mágoa é o veneno que tomamos tentando matar o outro, portanto nada mais improdutivo.
Sendo esta uma questão de caráter íntimo, que aqui hoje exponho com a manifesta intenção de semear concórdia e valores de fraternidade em um mundo tão carreado de rancores, não me seria lícito nomear quem quer que seja, mas o importante é que se este texto chegar ao  conhecimento das pessoas a quem este texto é dedicado, elas certamente nele se reconhecerão
Muito obrigado a vocês, senão por me ouvir, por me escutar, ou minimamente me terem permitido falar, tomara que a verdade do que falei possa ter sido compreendida, e ter finalmente a acolhida tão necessária para a minha paz interior. 
Não pleiteio nem anseio por qualquer outro tipo de mudança, a vida seguiu sua marcha sempre à frente e me descortinou novas possibilidades, novos papéis, me apresentou novos companheiros de cena, novos atores e me proporcionou uma nova vivência,  espero sinceramente que eu possa aprender um pouco mais, para que assim eu não tenha que improvisar minhas falas neste grande papel que foi a mim reservado neste espetáculo que é o ato de viver.
Finalizo com um pensamento de Irmã Dulce.
¨ Quem tem tempo para julgar o próximo, não tem tempo para amá-lo ¨
Possa Deus, o nosso  Grande Diretor Celestial, me servir de ponto, de orientação quando eu esquecer minha fala, ou não entender a atuação que se espera da minha personagem.
Um grande abraço.

RICARDO M.

Aproveito para anexar uma antiga poesia que estava engavetada, hoje ela carece de sentido, mas ainda posui seu valor.


TRIBUTO  A SOLIDÃO


Solidão, anseio pela sua companhia
Um milhão de vezes as noites mais sombrias
Do que esta inquietude a corroer a alma
Seca do meu rosto o insano pranto
Cale de uma vez por todas o som desta voz, que como encanto
Vem durante a noite, em acalanto, me roubar a calma
Apaga dos meus olhos a lembrança deste olhar
Que na penumbra do meu quarto, passo sempre a vislumbrar
No exato instante em que me deito
Vem logo,e expulse-a para fora do meu leito
Quem sabe assim se desta forma, deste jeito
Ela nunca mais volte a importunar
Solidão, és minha derradeira esperança
De apagar de uma vez por todas esta lembrança
Para que eu então possa  a minha paz recuperar
Esvazia do meu peito o sentimento
Apague esta imagem, que me invade o pensamento
Vem ficar comigo me impedindo de sonhar
Solidão, hoje eu sei, foste minha mais leal amiga
Volta agora, ignore a nossa briga
Tente entender, foi só da boca pra fora, falei tudo por falar
Pedi que você partisse sem demora
Pus você pela minha porta afora, e gritei pra não voltar
Hoje  sou eu, que como um louco te implora
Vem, vem correndo, vem bem rápido, vem agora
Mande a sombra dela embora, e ocupe o seu lugar
Solidão querida amiga, és  bem vinda novamente em minha vida
Não se faça de desentendida, não fique assim tão inibida,  pode se aproximar
Vem não me maltrate, não me negue a acolhida,  não me deixe a te esperar
Vem, vem sim, vem ficar aqui bem ao meu lado
Faz de conta que eu sou seu namorado para assim ficarmos juntos
O que não nos falta é assunto.
Temos muito que falar.


RICARDO M.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

TRIBUTO A INGENUIDADE

CONTADORA DE ESTRELAS

A menina distraída conta estrelas
Perdida em seus pensamentos, entregue a contemplação
Não percebe que os astros, também a olham de esguelha
No brilho de seu olhar, abriga-se uma constelação
Sonha um sonhar acordado, não tendo de mais nada a mínima noção
Anseia por amores inexistentes, meiga, pura, inconseqüente
Envolvida em sua doce abstração
Suspira de um jeito tão profundo, que se escuta até no fim do mundo
Suspiro que nasce bem lá no fundo do inocente coração
Conta para as estrelas seus mais íntimos segredos
E elas curiosas a escutam, em total enlevo
Irradiam suas luzes, fulguram na amplidão
Sonha a doce menina distraída
Plena de sentimentos, sente a alma distendida
Imersa totalmente em sua singela ilusão
Amanhece o dia, as estrelas acenam em despedida
A menina traz no olhar duas lágrimas incontidas
Estrelas líquidas, pérolas vertidas
Materializam o seu sentimento extravasando a emoção
Vai doce menina, sonhe, conte as estrelas distraída
Pois um dia em poeira convertidas, estas estrelas implodidas
Escurecerão os céus, te embaçarão a visão
Mas até lá, suspira, feche os olhos, faça planos
Desconhece desta vida, a fina dor dos desenganos
Traz ainda pura a alma, intocado está seu coração.

Ricardo M

quarta-feira, 11 de julho de 2012

DE PAI PARA FILHO


Olá amigos.

Hoje lhes peço licença para me dirigir, não só a vocês, mas a um amigo em especial.

Olá meu filho

No dia 18 de Julho de 2012, meu filho primogênito, expressão curiosa esta, meu filho mais velho, para ser mais coloquial então, estará após uma longa jornada de seis anos, colando grau no Curso de Medicina, é o Vinícius vai virar doutor, vejam bem, usei o termo doutor em minúscula, de propósito, pois nunca fui muito afeito a estas convenções que nos fazem perder o caminho da simplicidade, e só nos trazem ilusão, orgulho e vaidade. E disto eu sei na primeira pessoa.
Lembro-me com clareza do dia de sua chegada, talvez o que vou dizer aqui  agora, possa escandalizar aqueles que se aterem apenas ao valor  frio das palavras, mas ao contrário da maior parte das pessoas, das quais sinto uma determinada inveja, não posso dizer que tenha sido um dos dias mais felizes da minha vida, me explico antes que me tomem por alguém destituído da mínima sensibilidade, o que não sou, muito ao contrário.
Como a sua chegada não havia sido planejada, deixo aqui de lado as minhas considerações espíritas para não complicar, pois nada acontece por acaso, mas desconsiderando esta verdade, eu não estava minimamente preparado para sua chegada, quer emocionalmente, ou financeiramente falando, não dizendo com isso que ele não fosse aguardado com muito carinho e ansiedade, mas estou falando de um dia específico o dia do seu nascimento.
É muito nítido o quadro na minha memória, adentrei as dependências do HINJA em Volta Redonda com a minha então mulher em trabalho de parto e com o mundo sobre os meus ombros, fazemos nossas escolhas e quando somos defrontados com as conseqüências delas advindas, é normalmente aí , que se instala o pânico.
Pânico, esta é a palavra mais branda para descrever a gama de sentimentos e pensamentos que me atravessavam o ser naquele momento.
Como é que eu podia ser pai?  Que condições eu tinha para orientar, ou como se diz mais comumente, CRIAR um filho?  Como ser um orientador, quando eu próprio era um quebra cabeças totalmente espalhado e com inúmeras peças faltando? Sentia-me inadequado, incapaz.
E a principal pergunta que me martelava o cérebro naquele instante. Como eu arcaria com as despesas do Hospital?  Assim sendo diante de tantas urgentes questões, este instante que era para ser revestido de um significado especial, diria mesmo santificado, se viu contaminado pela premência das questões financeiras e as dúvidas existenciais.
Lembro-me que passadas algumas horas e nada de receber qualquer notícia, o nervosismo foi se instalando e me vi dominado pelos pensamentos de que algo poderia dar errado, e perante a possibilidade de um problema mais sério com a criança, as outras questões emudeceram-se e a tensão instalou-se insidiosamente.
Estava em oração pedindo o amparo de Deus para que tudo pudesse seguir com normalidade, quando sai pela porta o Dr. Vitor Emanuel,  Obstetra e Ginecologista, veio com um sorriso estranho, assim meio de esguelha, falou que o parto tinha terminado e que tinha demorado além do previsto, pois não havia sido possível ser um parto normal como à princípio era vontade da mãe, pois não houve dilatação suficiente, causando desconforto enorme para a parturiente e levando riscos ao nascituro,  outra palavra especial.
Informou-me que tudo havia transcorrido normalmente, com exceção de dois pequenos problemas, agora imaginem minha cara ao receber esta notícia, parto e problemas não são palavras para caminharem juntas em uma mesma sentença sem causar arrepios, mas voltando a cena, me diz ele placidamente, dois pequenos problemas, tomei coragem, tremendo intimamente com o que estava por saber e perguntei: ¬ Que problemas? E acrescentei exibindo uma coragem que estava longe de sentir: ¬ Pode dizer Doutor, eu estou preparado.
Ele me olha e diz da forma mais cínica possível: ¬ Ele nasceu careca e sem dente. Que os panos do pudor caiam sobre esta cena, como diria Mark Twain.
Que enorme alívio e uma vontade maior ainda de matar o Dr. Vitor.
Dr. Vitor Emanuel, nome de rei italiano, médico na acepção da palavra e um ser humano de qualidade, um amigo, um anjo que Deus, naquele momento, havia  enviado em resposta as minhas orações.
Médico das mulheres da família, sempre acessível, cordial, receptivo, humano, qualidades que mais do qualquer outra coisa, quero ver refletidas na conduta profissional e pessoal do meu filho.
Após o susto, aproximo-me timidamente dele e pergunto em uma voz meio trêmula e sumida na garganta: ¬ Dr Vitor, quanto ficou o parto do Vinícius?  Ele me olha meio de lado e fala com o canto da boca: ¬ Vá a merda.  Eu sem entender direito, tornei a fazer a mesma pergunta, e ele vira-se totalmente na minha direção e olha bem dentro dos meus olhos e repete: ¬ Vá a merda, guarde o seu dinheiro para começar a tomar conta do seu filho, vocês são meus amigos, estudei com seu cunhado, seu irmão foi meu aluno na Faculdade de Medicina, não tem cabimento isto, e foi assunto encerrado.
Vergonha, alívio e uma gratidão imensa,  que  faz com que neste momento  meus olhos encham-se de lágrimas  de reconhecimento e meus melhores pensamentos sigam em prece ao amigo, que tanto me ajudou, principalmente com a sua amizade.
Para encurtar o parto, se posso assim dizer, minha mãe, meu Anjo da Guarda em forma de mulher, pagou as outras despesas do Hospital, e assim fui introduzido a paternidade.
Quando me mostraram o Vinícius na maternidade, aquela coisa enrugada, com enorme semelhança com o meu joelho, pensei :  ¬  Oh moleque feio! Quase me mataram quando falei o que achava quando me perguntaram. Anos mais tarde quando conversava com amigos em um jantar e contei esta história, meu amigo, Dr. Jair Nogueira, Cardiologista, falou em tom de libertação: ¬ Cara que alívio, eu também achei a  minha filha muito feia  quando ela nasceu, mas achava que eu era anormal, por isso nunca confessei  nada disto para ninguém.
Como vocês podem imaginar, foi aquela gargalhada geral  e a mulher dele totalmente espantada com a inusitada confissão. Faço idéia do furdunço  mais tarde.
Desculpem-me esta enorme introdução, mas as reminiscências são a razão deste artigo.
Não há receita de bolo, quanto mais em relação a casamento e criação dos filhos, cada um tem sua fórmula, meu casamento foi bem sucedido durante 22 anos, depois tomamos rumos diferentes, mas ainda somos e sempre seremos uma família, quanto aos filhos, posso dizer que sou uma pessoa extremamente afortunada, como o texto é uma espécie de homenagem ao Vinícius, vou ater-me excepcionalmente  a ele hoje.
Vinícius sempre foi um menino especial, ao contrário da minha primeira impressão, que, diga-se de passagem, eu era o único a ter em relação a sua ausência de formosura ao nascer, logo após as primeiras semanas, revelou-se um neném encantador, daqueles de revista mesmo, carequinha com uma penugem loirinha, com um rostinho lindo, que logo a mãe começou a chamar de meu pintinho, ele vai me matar, mas para que servem os pais a não ser para constranger os filhos, e no  caso dos meus pais,  pagar a conta do hospital.
Um menino extremamente carinhoso, de gênio forte, muito corajoso desde bem pequeno, decidido, com um espírito de liderança que chegava a me incomodar em certos momentos, a brincadeira era a que ele determinava, um menino obediente, que nunca me causou um problema mais sério, se não soubesse da seriedade da mãe, faria um exame de DNA, pois não parece meu filho não.
Nunca falou uma mentira mais cabeluda para nós, sempre foi muito transparente, de uma exigência própria enorme a qual tem a péssima mania de cobrar na atitude alheia, sempre competitivo, mas nunca desleal, um ótimo e fiel amigo e namorado, como pode comprovar a Arine, parece que estou a descrever um anjo, o que ele não é,  como pode endossar a Amanda, sua irmã, é simplesmente um ser humano de qualidade, do qual tenho a enorme felicidade de ser pai.
Quando passou no vestibular para Medicina, mais uma vez minha alegria estava obscurecida pela preocupação de como manter um curso tão dispendioso quanto este, mas fomos seguindo até a bandeira de chegada, empurrando o carro às vezes,  torcendo para a gasolina dar em outras, rezando para um pneu não furar, e usando uma expressão que realmente adoro de nossos irmãos evangélicos,. Até aqui nos ajudou o Senhor, ao que acrescentarei, e nunca deixará de nos ajudar,  desde de que nos ponhamos em ação.
A sua ida para Vassouras, não gosto nem de lembrar, chorei uns três dias direto, nem parecia que eu tinha deixado um filho para realizar o seu projeto de vida, parecia mais que eu tinha ido a um funeral, mas isto também já é história, hoje é motivo de riso e gozação na família, mas no dia, não foi nada fácil.
Mas aí está você, com seu curso concluído e as vésperas de colar grau, mais uma etapa realizada, agora é só esperar a festa e a inevitável choradeira..
Não teríamos conseguido esta vitória sem a ajuda de Deus em primeiríssimo lugar, e sem a ajuda de tantas pessoas que seria impossível para eu nominar, mas deixo aqui meu tributo de gratidão a  nossa família, a qual sempre esteve ao nosso lado, incondicionalmente.
Inicia-se para você agora meu filho, um caminho que vislumbro ser de muito trabalho, de grandes realizações e se Deus consentir, de muita felicidade para você, todos os pais querem que seus filhos  sejam BEM SUCEDIDOS, mas qual o real significado desta expressão?   Você porém sabe o que isto quer dizer para este seu pai,  tão cheio ainda de peças faltando no seu quebra cabeça.
O que eu espero de você acima de qualquer coisa, de dinheiro, de posição social, fama ou qualquer outro adereço ilusório que possa ser confundido com SUCESSO, é que você mantenha sempre uma índole dócil, amigável, solidária, que profissionalmente, você possa espelhar-se no exemplo de MÉDICO, agora em maiúsculas, que é o profissional que te trouxe à luz, que você possa ainda guiar-se no exemplo  de conduta profissional que é exemplificada pelo seu tio, profissionais dos quais você se tornará em poucos dias, colega de profissão
Nunca se esqueça que depois da própria vida, a saúde é o bem mais precioso do ser humano, seguido bem de perto da sua, liberdade.
Se eu puder, e eu certamente  posso, farei um único pedido. Nunca se esqueça da sua própria humanidade e o que ela comporta, principalmente a falibilidade. Trate seu semelhante com respeito e afeto, dinheiro é contingência de um trabalho bem feito, e não é o quesito principal para se ter felicidade, a maior tragédia humana é não compreender ainda que a maior felicidade, a felicidade real, está em servir ao próximo, seu pai tem inúmeras falhas, mas tenta arduamente seguir esta diretriz, nem sempre consigo, é verdade, mas é assim mesmo, TENTATIVA E ERRO, até que um dia a gente consegue agir com  ACERTO.
Não se atenha a falsas ilusões de pretensa grandeza escondidas por trás de títulos e investiduras, são apenas adornos para o nosso ego que tem o condão de nos cegar para as realidades da vida, seja um Doutor em simpatia, em humanidade, em caráter, em grandeza da alma, trate todos os que te procurarem com alegria e atenção, dando o melhor de você, não só profissionalmente, mas principalmente como homem, este homem íntegro que você se tornou.
Seja exemplo de profissional, mas seja maior exemplo ainda de um ser humano integral, de formação moral sólida, nunca se esquecendo dos princípios religiosos que tentamos te transmitir, princípios estes que às vezes você contesta,   até mesmo para me irritar de vez em quando, sim, ele é irritante as vezes, mas princípios que nem por isto são menos reais, somos espíritos habitando um corpo, este sim é perecível, portanto nunca se esqueça desta realidade, antes que o corpo apresente os sintomas, os distúrbios se estabelecem na alma, nunca perca isto de vista.
Tenha sempre a mente voltada para o Mais Alto, nunca prescindindo de pedir a proteção Divina, não só para o seu exercício profissional, mas em todos os outros aspectos da sua vida.
Tenho enorme orgulho do homem que você se tornou, apesar das minhas limitações, continue sempre em direção ao bem, seu pai estará sempre ao seu lado, até mesmo para a eventualidade de ter de pagar a conta do parto do seu filho no Hospital, se isto for necessário.  Mas Deus me livre desta tragédia e desta conta.
Lembre-se do açúcar que te falei na viagem  de regresso de  Vassouras para casa, esta sim com um sorriso no rosto.
Torno meus votos e minhas advertências paternais, abrangentes a todos os seus colegas de turma, que eles possam ser muito felizes nesta nova etapa que se inicia, de passo em passo vamos todos percorrendo o trajeto.
Que Deus Nosso Pai de Infinita Bondade e Justiça nos ampare hoje e sempre
Parabéns  Doutor. Vinícius Vieira de Mendonça e Silva
Parabéns meu filho

Ricardo M   
Hoje apenas um pai muito orgulhoso do seu filho..

quinta-feira, 7 de junho de 2012

MESA DE BAR


Olá Amigos.

Hoje xeretando nos mecanismos deste blog, só agora os  descobri , pois sou um confesso Analfabyte, vi  que meus textos já foram acessados mais de 1500 vezes, em comparação a outros blogs seria comparar uma luta minha com o Anderson Silva, mas para quem não tinha a princípio a mínima pretensão de ser lido por quem quer que fosse,  é uma grande façanha.
 No comecinho isto era verdade, esta coisa de não me importar em ser lido, mas através dos gestos de gentileza de amigos que me incentivaram com suas palavras de estímulo, fui tomando gosto pela coisa, e comecei a querer que as pessoas se interessassem pelos meus pensamentos imperfeitos, porém  mais do que o prazer de ter outras pessoas interessando-se pelo o que eu tenha a dizer,  o blog me fascina principalmente pelo enorme potencial de catarse emocional que o ato de escrever me proporciona,  é muito mais um acerto de contas com meus sentimentos e minha vivência dos fatos, me levando a uma forma de auto conhecimento  que era por mim ignorada até então, do que auto exposição, ou vaidade literária, pois escrever de forma competente exige recursos que ainda não possuo.
Sempre aconselhei a todos o hábito da leitura, um prazer que desfruto desde que me entendo por gente, mas nunca pensei que o ato de escrever também pudesse ser tão compensador emocionalmente, portanto façam vocês mesmos a experiência e ponham no papel as suas emoções, suas interpretações do que é vivenciado, mesmo que seja para você mesmo, e de fato sempre é, vocês verão que é uma ótima ferramenta para a própria compreensão e aprendizado.
Como estou vivenciando uma fase poética, tudo o que observo acabo tentando transformar em um texto poético, às vezes até acho que sou bem sucedido, em outras fico devendo, mas isto não me encabula mais não, coitado é de quem lê.
Meu profundo agradecimento a todos pela enorme generosidade com que estes textos são acolhidos,  hoje é também pensando em quem os lê, ou seja,  em vocês,  que eu os escrevo.
Esta poesia é auto-explicativa, reflete a  minha própria experiência de  certos momentos, onde a mesa de bar foi o derradeiro consolo, um destes tão decantados paraísos artificiais, onde os sorrisos não passam de frágeis fachadas, onde vive-se a camaradagem etílica, onde as pessoas pretensamente felizes,  em sua grande maior parte,  vivem suas inconseqüências, sem coragem de encarar o abismo de suas emoções, suas lacunas existenciais,  enfim como diz a letra de uma música que sempre me marcou, e é dela que veio a inspiração para a poesia, onde deixamos a falsa alegria a tristeza enganar.
Em tempo ressalto que, nada tenho contra a boemia, muito ao contrário, a ela sou bastante afeito,   trata-se apenas de uma advertência fraternal para que isto não venha   tornar-se  pretexto para  não  encarar  a própria realidade, as  incursões  a este universo, o das mesas de bar, fazem parte do nosso aprendizado de vida, mas anseio pelo dia que estas incursões sejam realmente apenas um complemento da nossa alegria, uma manifestação real de felicidade,  uma comemoração saudável pela beleza e a grandeza da vida.
Que Deus nos ampare nas nossas melhores aspirações, um grande abraço

Ricardo M

                                                      MESA DE BAR


Mesa de bar,companheira constante
Dos meus sonhos delirantes
Companheira de boemia
Amiga das horas incertas
Se trago a alma irrequieta
Só você me completa
Abranda-me a disritmia
Em seu bojo vejo as marcas
Entre os copos e as garrafas
Cicatrizes na madeira
Juras de amor rabiscadas
O nome da namorada
Junto ao placar da rodada
O desenho de um coração
Sempre a testemunha calada
Parceira da madrugada
Total absolvição
Minha leal confidente
Sólida e resistente
Derradeira consolação
Dentro de suas linhas retas
De meus segredos repleta
Vem sempre a resposta certa
Prá minha alma vazia
Mas nesta noite sombria
Deixo a você meu alerta
Vê se deste sonho desperta
E encare a realidade exposta a luz do dia
Todos que depredaram
Que em suas cadeiras sentaram
São reféns da melancolia
Simplesmente te usaram
 Só teu corpo profanaram
Como alívio da agonia
Não foram a ti solidários
Eram assim como eu, simples solitários
Vivendo de falsa alegria

Ricardo M

segunda-feira, 21 de maio de 2012

AMO VOCÊ



Olá Amigos.

Já falei repetidas vezes, que uso este espaço como minha autoterapia, o ato de escrever traz em si uma formidável oportunidade de materialização dos nossos pensamentos e sentimentos, aliás, o termo materialização, não é de fato o mais adequado, pois esta qualificação, a da materialidade, eles já a possuem, portanto o termo mais correto seria falar que, o ato de escrever torna nossos pensamentos mais palpáveis, mais visíveis a luz do dia.
Dentre todas as formas de expressão escrita, a poesia detém uma qualificação à parte, pois através dela podemos exprimir qualquer coisa sob a luz que a inspiração ou o coração achar mais conveniente,  vamos a uma nova correção, poesia não respeita conveniências, aí está o que eu queria de fato dizer, poesia é a escrita em sua forma mais livre.
Exprime-se o horror em meio às flores, fala-se de amor com o coração totalmente vazio deste sentimento, destilam-se os venenos mais letais nos formatos mais lúdicos, apresenta-se a alegria sob um véu de lágrimas, assim é a poesia, libertária, muita gente plenamente mais capaz do que eu, sob qualquer ângulo que se olhe,  já tentou definir a poesia, mas eu particularmente a enxergo desta forma, uma válvula de escape, sim, uma espécie de refúgio contra  tudo o que quer me  fazer  menor, tudo o que me constrange, tudo o que  faz com que eu fique atrelado ao chão.
A finalidade desta longa introdução, nada mais é que uma explicação para a poesia que segue este texto, tenho tido recentemente um sonho recorrente, que me desagrada profundamente, principalmente pela sua total falta de lógica e que tem me gerado desconfortos inúmeros, até mesmo de ordem somática, tais como, angústia, insônia e o mais nocivo de todos, raiva.
Não sou afeito aos conceitos da Moderna Psicologia, um amigo meu que é Psicólogo, chegou a rir quando falei que estava mandando um recado extremamente duro ao meu inconsciente, se de fato é ele o responsável por tais distúrbios, a minha parte ACORDADA do espírito, abomina e recusa-se terminantemente a aceitar esta intrusão indesejada, inapropriada e totalmente carente de sentido prático, e se tem uma coisa que prezo é a praticidade, não choro por quem não vai chorar por mim, não gasto vela boa com defunto ruim, não sou saudosista, não remexo no passado, a não ser como referência para uma tomada de decisão mais positiva onde ela tenha-se demonstrado deficiente anteriormente, olho sempre à frente, vivo o momento presente, com a certeza sempre corroborada pelos fatos,  de que o melhor ainda está sempre por vir, tenho uma camada finíssima de orgulho, mas em contra partida tenho um enorme senso de  dignidade do qual não abro mão. Sou senhor do meu destino e herdeiro de minhas atitudes, a ninguém inculpo pelos meus insucessos, sou o único e total responsável pela posição que ocupo no espaço, não me cabendo reclamar de fatos e principalmente de pessoas, faço tudo o que meu coração ou minha razão acharem adequadas ao momento, sem a mínima preocupação com o achismo alheio.
 Sigo a filosofia da Lactívia com Johnny Walker, em relação ao que possam pensar ou principalmente falar de mim, entenda quem puder, não vou explicar. Ah! E como gostam de falar de mim, eu devo ser bastante interessante.
Foi através desta maneira, a de tornar palpável meus pensamentos e sentimentos  transformando-os em palavras revestidas de tinta, que em tempos bem próximos, consegui por fim a um capítulo extremamente duro da minha caminhada, e tornar esta ferida menos incômoda, pois cura, já sei de longa data, que determinados fatos não comportam tal desfecho, conviveremos com eles com o distanciamento requerido e adequado, de forma branda e pacífica, ou a eles sucumbiremos.  A tudo isto, a esta paz de espírito tão duramente reconquistada, este malfadado sonho vem intentando destruir.
Assim sendo, vão meus versos, vão cumprir seu papel saneador de minhas melhores energias, que vocês possam mais uma vez realizar o seu trabalho de expurgar da minha circulação espiritual, estas toxinas que envenenam todo e qualquer propósito de  aperfeiçoamento da alma. R.I.P

Ricardo M



                                                  AMO VOCÊ



O silêncio do  grito  na garganta contido
Reverbera entre as paredes do meu quarto
Recuso-me a todo custo a olhar o nosso retrato
Pois nada disto faz mais o mínimo sentido
Morto está de fato todo o sentimento
Porém, para o meu eterno lamento
Jamais será pleno o seu olvido
O amor transformado em ódio, ou pretensa indiferença
Tem o dom de abalar a calma, corroer a alma
Destruir toda nossa crença
Deixa na boca um gosto amargo
Resíduo do veneno absorvido
No quarto escuro revejo os fatos, já tão desbotados
Olho tudo de um prisma desfocado
O coração em total descompasso
Parece pulsar fora do corpo, deslocado
O silêncio agora em plena ressonância
Mais rápido do que a luz ignora completamente a distância
O eco de sua voz então se faz audível, fraco, desvalido
Carente de todo e qualquer sentido
Escuto as mesmas palavras tantas vezes repetidas
Causadoras de tantas ilusões e de desditas
Faladas, escarradas, atiradas, cuspidas
Tolas, quase infantis, simples vocábulos, falsas promessas
Sentimento sem sentido, vivido as pressas
Emoções descartáveis, natimortas, não exercidas
Não existe apenas um amor pra toda uma vida
Tudo se resume  em uma simples e inútil procura
Apenas uma pequena parte da nossa enorme loucura
Que de tudo quer entender o por que
Contra o que penso e em que de fato acredito
Sufoco a todo custo na garganta este grito
Ao escutar a sua voz na penumbra do quarto a me dizer
Mais uma vez.  Suavemente.
ENGANADORAMENTE
Amo você.

Ricardo M



terça-feira, 15 de maio de 2012

INTELECTO e MORALIDADE


Olá amigos
Não tenho pretensão filosófica de vulto ou mesmo a mínima intenção de exibição de erudição, até mesmo por serem meus conhecimentos filosóficos e os de outra ordem, bastante empíricos e deficitários, não diria de forma alguma superficiais, pois aprendi que nada sei, já é alguma coisa, escrevo em primeiríssimo lugar para materializar meus pensamentos e meus sentimentos, que são o tema central deste artigo, aliás do blog inteiro,  e neste processo fazer uma reflexão íntima para que eu possa querer modificar o que venha perceber de inadequado, os insucessos são maiores do que as conquistas, mas não tenho alternativa, um dia os sucessos serão constantes, foi desta forma que aprendi e é nela em que acredito, pois bem vamos lá.
Nasci em um lar espírita e desde tenra idade, adoro esta expressão, tenra idade, sou afeito aos conceitos da pluralidade das existências, da intercomunicação entre os diversos planos que constituem a criação, etc, etc... Sem querer ferir suscetibilidades, ou me estender mais sobre crenças, sempre me foi ensinado a verificar meu posicionamento mental e sobre isto sempre discorro nas divulgações que faço.
PENSO LOGO EXISTO.  Muito bem colocou o filósofo, a capacidade de PENSAR é o nosso diferencial na criação, o homem é um ser RACIONAL, apesar da dúvida de muitos, portanto o nosso primeiro pilar está apresentado, O PENSAMENTO.
Hoje vejo prosperar em todo mundo a literatura de auto-ajuda que tanto sucesso editorial tem obtido junto a uma determinada faixa de leitores, muita coisa proveitosa pode ser apreendida em diversos títulos, contudo quanta baboseira também é impingida como verdade, talvez até seja a verdade de quem escreve, não sei, mas com certeza não comportam a meu ver, uma análise mais criteriosa da razão.
QUERER É PODER. Quase todos trazem isto em seu enunciado. Eis aí uma afirmação simples, extremamente poderosa, verdadeira sem dúvida alguma, em determinados contextos, mas que dá margem a inúmeras interpretações, incompreensões, ilusões e suas conseqüentes frustrações
QUERER NÃO É PODER. Não em qualquer contexto, não poderia ser assim, não faria o menor sentido, não vou nem mesmo citar o livre arbítrio alheio, seria covardia, bem já falei, mas retirando este argumento proponho outra pequena demonstração de argumentação.
Imaginem-se dentro de um avião, pode ser um daqueles enormes Airbus 300,  ou um Embraer,  para não ficar dando moleza para concorrência, vamos lá, imaginem-se sentados em uma poltrona e de repente aparece a aeromoça, ou atendente de vôo, como queiram, falando da seguinte maneira: Senhores passageiros lamentamos informar que acabamos de perder nossos dois pilotos, vítimas de um ataque cardíaco simultâneo, façam suas orações finais,  apertem os cintos, agradecemos sua preferência e esperamos contar com a sua presença em uma nova oportunidade, se é que vamos ter outra. Que Deus nos proteja.  Claro que estou forçando a barra, mas é só para me embasar, voltando à cena. O que fazer? EU QUERO PILOTAR O AVIÃO, mas EU POSSO?  Eu de fato quero com toda minha alma e sentimento poder pilotar o avião, afinal meu precioso corpinho esta dentro dele,  mas será viável? Eu quero, oro com todo fervor, imploro, uso toda a minha força mental. Será que consigo?  Sabemos de relatos em que pessoas, sem a mínima qualificação para pilotarem uma aeronave, assumiram  o seu comando e lograram aterrissá-la  em segurança, mas elas souberam entender instruções, sabiam a língua em que foi dada a instrução, e possuíam um extraordinário sangue frio para enfrentar o inesperado, mesmo neste caso esbarra-se no maior impeditivo dos nossos quereres, qual seja, CONHECIMENTO.
Eu posso querer me orientar na cidade de Tókio, no Japão, mas se não leio,  ou sei falar japonês, vai ser uma tarefa para leão do imposto de renda, talvez até consiga, usando recursos de  outras áreas das minhas habilidades, posso ser um excelente mímico, ou saber falar uma outra língua, ou encontrar quem fale a minha, vai saber, pode acontecer, contudo o centro da argumentação permanece, CONHECIMENTO, parte integrante do nosso primeiro pilar, e a ele subordinado
Vou usar outra analogia, comparemos a nossa vida a um rio, neste caso ela estará impregnada do meu conceito de múltiplas existências, não tenho como me eximir, mas que seja uma única se assim for necessário.
Nascemos à semelhança da fonte que dá origem ao rio, um pequeno ponto de brotamento d água e durante o trajeto vamos recebendo os primeiros afluentes que vão aumentando o volume d água, garantindo o fluxo constante e aumentando a extensão irrigada, passamos as fases hídricas, se posso assim denominar, da fonte original, nos tornamos regato, depois um singelo riacho, até nos transformarmos de fato em um rio de expressão, vamos incorporando os afluentes,  nos tornamos volumosos e de grande extensão, até que um dia, atingimos a meta final, qual seja, desaguamos no imenso mar, destino final da jornada.
Nesta analogia onde os afluentes são o conhecimento adquirido, que aumenta nosso volume interno, melhor especificando, aumenta nosso componente intelectual, nossa capacidade de pensar, de raciocinar, de decidir, também conhecida pela expressão EXPERIÊNCIA DE VIDA, deixei propositalmente de lado a outra ASA que nos impulsiona aos Céus, já explico a questão das asas, voltando ao rio, deixei de lado a questão crucial, falei sobre a fonte, o seu desenvolvimento hídrico, tornando-se de fato um rio, até desaguar no mar, deixei para depois a parte mais complexa, a qualidade da água.
Durante o percurso usando a mesma metáfora fluvial, vamos recebendo em nosso leito os dejetos, os metais pesados, os poluentes, as descargas tóxicas, até que chega o momento, que se não estamos atentos, nos descobrimos um  verdadeiro Rio Tiete, um rio de enorme extensão, volume d água, ou seja, de grande significação fluvial, mas de águas totalmente poluídas, não potável, imprópria para o consumo, onde a única forma de vida viável são as colônias de  coliformes fecais.
A qualidade da água, seguindo a metáfora, tem a sua correspondente na nossa trajetória humana, nós a conhecemos pelo nome de MORAL ou MORALIDADE,  dá no mesmo, ela é a responsável pela pureza de nossa água, nossa viabilidade como seres de qualidade, significativos, bebíveis ou potáveis, para não perder a graça. Eis aí o nosso segundo pilar, nossa segunda ASA.
Aprendi que a evolução não se processa em saltos, mas sim de forma contínua e incessante, assim sendo, se a nossa primeira qualificação, nossa maioridade espiritual, vem da capacidade de PENSAR, fica um pouco mais claro, até mesmo mais fácil,  entender as disparidades que presencio.
Somos todos nós, testemunhas da incrível evolução intelectual humana, há um século, ou um pouquinho mais, nada deste processo tecnológico se fazia visível ou ao menos previsível, a não ser que você se chamasse Júlio Verne, o fato é que tivemos uma performance intelectual impressionante.
Luz elétrica, o vôo humano, comunicação instantânea, a conquista do espaço, a fissão do átomo, ciência da computação, só para citar o básico, e apesar de termos nos alçado ao espaço sideral,, praticamente rastejamos  como os vermes em termos morais.
Mas é assim mesmo, aprende-se a raciocinar em primeiro lugar e no exercício do nosso livre arbítrio, vamos processando nossas experiências, TENTATIVAS e ERROS, nisto baseia-se o nosso aprendizado, contudo, o outro lado, a questão moral ou simplificando ainda mais, o nosso SENTIMENTO, é disto que estou falando, encarrega-se do contraponto, qual seja, o da RESPONSABILIDADE total e individual,   no que concerne as nossas escolhas, nosso processo de tomada de decisão, como gosto de dizer.
A velha metáfora que nunca envelhece, PLANTIO e COLHEITA, o plantio é sempre opcional, mas a colheita se impõe obrigatória, levando-nos ao mais perfeito conceito de justiça que o homem conhece, MERITOCRACIA, a cada um conforme seu merecimento, abro aspas aqui para dizer que pessoalmente, sei ter muito mais do que mereço, por extensão de bondade deste Criador Magnânimo, questão de convencimento íntimo, do qual não abro mão, revogadas as disposições em contrário.
Verifiquem por onde caminha seu pensamento, que faixa vibracional ele ocupa, e você terá um panorama fidedigno de quem de fato você é.
Através da nossa forma de pensar, criamos os nossos atavismos, nosso CONDICIONAMENTO, tudo se inicia no simples???????? Melhor dizendo complexo ato de pensar.
Por isto é tão necessário o ato de Profilaxia Mental, pensar melhor antes de falar algo, pensar duplamente melhor antes de fazer o que quer que seja, quantas lágrimas eu teria evitado se não me esquecesse cotidianamente desta verdade incontestável.
O intelecto altamente desenvolvido sem o  devido amparo do controle moral  tornou-se a matriz  de tantos desmandos, viciações e descontrole, é este desnível entre o nosso CONHECIMENTO e a nossa MORALIDADE,  que supre as manchetes dos nossos jornais com reportagens assombrosas, que dão conta do total descaso com o semelhante, que nos fazem ter a falsa noção que o mundo está pior, quando tudo caminha para evolução, para a perfeição, mesmo que não possamos entender ainda o cenário maior, onde estas transformações se processam, não me cabe julgar quem quer que seja, não teria estatura para isto, e se o tivesse, com certeza já teria aprendido a ter compaixão pelo meu semelhante, portanto me absteria do julgamento, preocupado que estaria  em ajudar na melhoria geral, que começa sempre na melhoria do próprio indivíduo, neste caso na minha própria melhoria como ser humano integral.
Através do curso da caminhada, no trajeto das águas pelo leito do rio, para retomar a metáfora que me é tão cara, incorporaremos os valores do CONHECIMENTO e nos qualificaremos usando dos preceitos da MORALIDADE, e assim providos das duas asas plenamente desenvolvidas, alçaremos vôos insuspeitos.
CONHECIMENTO submetido a MORALIDADE, resulta em SABEDORIA, virtude inerente a ANGELITUDE, a despoluição das águas,  o grande barato disto tudo, é que estamos a caminho, nossas águas já irrigam campos por nós mesmos semeados, onde muita coisa boa já foi e é colhida, é isto aí, deixa as águas rolarem, o meu destino é o mar.
Um grande abraço a todos os rios desta incomensurável bacia hidrográfica, que tem por apelido, HUMANIDADE.
Que Deus, o Mar Infinito,  onde todos os rios um dia irão desembocar, possa sempre nos proteger.

Ricardo M


domingo, 22 de abril de 2012

GENTE POESIA


GENTE

Gosto de gente
Alegre, Contente
Triste, Silente
Crente, Descrente
Discreta, Saliente
Esperta, Dolente

Gosto de gente
Gente que fala, gente que cala
Que ajuda ou atrapalha
Que nada faz, que trabalha
Que acerta e que falha
Gente corajosa ou fogo de palha

Gosto de gente
Negra, branca, mestiça
Sem preconceitos, mas com senso de justiça
Espírita, católico, evangélico, macumbeiro
De fina estampa, do chão do terreiro
De São Paulo, Minas, Rio de Janeiro
Gente do mundo inteiro

Gosto de gente
De gente bacana, sacana
Que bebe um whisky ou aguardente de cana
Itaipava, Skol, uma Bhrama
Travada ou boa de cama



Gosto de gente
Que não seja perfeita
Com todos defeitos
Gente em construção
Gente em ebulição
Gente que sofre e que ama
Até gente que me engana
Eu não deixo de gostar
Que finge não me conhecer
Finge até não me ver
Quando cruza o olhar

Gosto de gente
Gosto mesmo! Sem medida
Muita gente até duvida
Da força do meu gostar
Gosto do fundo do peito
Nasci assim, é o meu jeito
Sigo meu ponto de vista, e dele faço questão
Gosto de um modo esquisito
Gosto do feio e do bonito
De gente centrada e sem noção
Gosto, gosto sim, sem distinção
Pois em gente eu acredito
Na gente reside a esperança
Do gostar, não abro mão
Gosto de gente, pois gosto da vida
E a vida, é feita de gente
E de gente é feito o mundo
Gosto, gosto sim, gosto mesmo, gosto de um jeito profundo
Um gostar vagabundo
Como é meu coração
Afinal também sou gente. Não sou não?
Se bem que bateu uma dúvida, de tanto ouvir minha mãe quando me dá um esfregão.
Ah, menino! Você não é gente não
Bem, deixa a duvida prá lá , já é uma outra questão

RICARDO M