terça-feira, 24 de dezembro de 2019

DINGOBEL

Quando.menos se espera, lá vem a Simone cantando: " Então é Natal…", aí a gente se dá conta que mais um ano se finda, para alguns o ano se arrastou, para outros passou rápido demais, pois já é Natal na Líder Magazine, mas é tudo questão de percepção.
Começa então o frenesi do consumo e os excessos de toda ordem, junto a uma pequena parcela de alegria genuína, floresce uma alegria fake, alegria etílica, uma tristeza disfarçada de contentamento.
Junto a toda esta algazarra, a necessidade de aplacar os complexos de culpa em uma generosidade de ocasião, mas mesmo assim bem vinda, não podemos desperdiçar uma gota sequer de generosidade, frente a tanta necessidade.
Se perguntarmos as crianças de hoje quem é o aniversariante desta festa, não me surpreenderia  nada que a grande maior parte nominasse Papai Noel.
Talvez soe muito cáustico, mas Jesus nasce no dia 25 de Dezembro, como foi estipulado, e no dia 26 de Dezembro é enterrado, até deram nome de enterro dos ossos a comilança do desperdício da noite anterior.
Lembro-me bem dos Natais da minha infância, da angustia da espera da manhã seguinte a passagem de Papai Noel, que deixaria presentes nas meias, tradição europeia que incorporamos.
Lembro-me da minha alegria inocente e da festa com os novos brinquedos na rua, um jogo de boliche com personagens da Disney de madeira, inclusive a bola e um revólver de espoleta barulhento, marcaram minha memória, na época tal presente não transformava ninguém em um serial killer, apesar de hoje reconhecer que tem coisas muito melhores e mais produtivas para presentear uma criança
Devo ao Natal minha primeira grande decepção, quando destruíram minha crença no bom velhinho.
Já mais tarde passei a detestar a data, algum complexo de culpa que a data despertava e não queria enfrentar.
A simbologia se sobrepôs ao significado real da data.
Já por alguns anos, não entro na correria desenfreada e sem sentido de gastar o que não tenho, tentando comprar presentes para metade do globo terrestre, e tentar aplacar um vazio que nada material tem o dom de preencher
É verdade que é impossível deixar de dar presentes pontuais, pois a nobreza obriga, em francês é mais chic.
Não era para ser um texto tão ácido, mas acabou seguindo seu próprio caminho, queria que esta solidariedade de fim de ano se estendesse pelo restante do ano, que as crianças "adotadas" no período de Natal pudessem ter um mínimo de atenção da nossa parte durante o restante do ano que se inicia, que os albergados nos asilos recebessem nossa atenção depois de findadas as "festas" de fim de ano.
O que mais me ojeriza é perguntar a alguém  como foram as "festas" de fim de ano e receber por resposta costumeira pérolas como: Foi demais, bebemos todas. Tomamos 10 engradados de Heineken.
E coisas parecidas, mas cada um com seu cada um, é implicância da minha parte, mas que me dá ranço me dá.
Não quero ser chato, pois está  é uma ocasião de encontros e tenho a infinita sorte de estar inserido em uma família unida, de pessoas que se gostam e tem prazer em estarem juntas.
Tive Natais maravilhosos, surpreendentes, outros enfadonhos, outros em que esqueci completamente do significado real da data, e neste agora redescobri  a solidariedade como instrumento maior de felicidade.
Sempre fui sensível ao sofrimento alheio, mas sei também que fiz infinitamente menos do que a minha capacidade permitiria, mas faz parte do aprendizado, não se cria asas de um dia para o outro.
Aproveito para agradecer as instituições religiosas espíritas que me dão a oportunidade de trabalho através das palestras, ao Grupo de Solidariedade Melhores no Amor, que recentemente me emocionou profundamente, escolhendo meu nome para Padrinho do Grupo, isso mesmo diante das minhas inúmeras e confessas limitações,  dando-me assim uma nova oportunidade de trabalho mais próximo de quem necessita, 
Agradecer também aos inúmeros amigos, anjos tutelares que tornam a vida mais alegre e feliz.
Agradecer de todo coração a minha família, que benção poder contar ainda com a presença física de meus pais, meu irmão, meus filhos, e a minha Zunzum, alegria da minha terceira idade, rsrs companheira magnífica e sua família, que se fez minha também, tios, primos, cunhados, norinha, e genro recém chegado, em período de observação rsrs, obrigado a todos vocês que iluminam minha vida com suas presenças, companheirismo, amizade e amor genuíno.
Meu desejo de Natal é que todos tenham este privilégio que desfruto.
Que a gente comemore a nossa maioridade espiritual, marcada pela vinda de Jesus entre nós e o seu legado de amor, de forma que o aniversariante sinta-se verdadeiramente presenteado e homenageado.
Que sua presença seja uma constante em nossas vidas e que eu possa auferir dignidade para que isso torne-se possível na minha.
FELIZ NATAL!!!!