segunda-feira, 20 de agosto de 2012

TRIBUTO A INGENUIDADE

CONTADORA DE ESTRELAS

A menina distraída conta estrelas
Perdida em seus pensamentos, entregue a contemplação
Não percebe que os astros, também a olham de esguelha
No brilho de seu olhar, abriga-se uma constelação
Sonha um sonhar acordado, não tendo de mais nada a mínima noção
Anseia por amores inexistentes, meiga, pura, inconseqüente
Envolvida em sua doce abstração
Suspira de um jeito tão profundo, que se escuta até no fim do mundo
Suspiro que nasce bem lá no fundo do inocente coração
Conta para as estrelas seus mais íntimos segredos
E elas curiosas a escutam, em total enlevo
Irradiam suas luzes, fulguram na amplidão
Sonha a doce menina distraída
Plena de sentimentos, sente a alma distendida
Imersa totalmente em sua singela ilusão
Amanhece o dia, as estrelas acenam em despedida
A menina traz no olhar duas lágrimas incontidas
Estrelas líquidas, pérolas vertidas
Materializam o seu sentimento extravasando a emoção
Vai doce menina, sonhe, conte as estrelas distraída
Pois um dia em poeira convertidas, estas estrelas implodidas
Escurecerão os céus, te embaçarão a visão
Mas até lá, suspira, feche os olhos, faça planos
Desconhece desta vida, a fina dor dos desenganos
Traz ainda pura a alma, intocado está seu coração.

Ricardo M

Um comentário:

  1. A cena me veio tão espontânea que foi até simples converter o devaneio em texto, ou melhor dizendo, em poesia. Gostei demais de ser o instrumento para que ela viesse à luz. Foi um enorme prazer, espero que gostem. Ricardo M

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