Olá Amigos.
Já falei repetidas vezes, que uso este espaço como minha
autoterapia, o ato de escrever traz em si uma formidável oportunidade de
materialização dos nossos pensamentos e sentimentos, aliás, o termo
materialização, não é de fato o mais adequado, pois esta qualificação, a da
materialidade, eles já a possuem, portanto o termo mais correto seria falar que,
o ato de escrever torna nossos pensamentos mais palpáveis, mais visíveis a luz
do dia.
Dentre todas as formas de expressão escrita, a poesia detém
uma qualificação à parte, pois através dela podemos exprimir qualquer coisa sob
a luz que a inspiração ou o coração achar mais conveniente, vamos a uma nova correção, poesia não
respeita conveniências, aí está o que eu queria de fato dizer, poesia é a
escrita em sua forma mais livre.
Exprime-se o horror em meio às flores, fala-se de amor com o
coração totalmente vazio deste sentimento, destilam-se os venenos mais letais
nos formatos mais lúdicos, apresenta-se a alegria sob um véu de lágrimas, assim
é a poesia, libertária, muita gente plenamente mais capaz do que eu, sob
qualquer ângulo que se olhe, já tentou definir a poesia, mas eu particularmente a enxergo desta forma, uma válvula de escape,
sim, uma espécie de refúgio contra tudo
o que quer me fazer menor, tudo o que me constrange, tudo o
que faz com que eu fique atrelado ao
chão.
A finalidade desta longa introdução, nada mais é que uma
explicação para a poesia que segue este texto, tenho tido recentemente um sonho
recorrente, que me desagrada profundamente, principalmente pela sua total falta
de lógica e que tem me gerado desconfortos inúmeros, até mesmo de ordem
somática, tais como, angústia, insônia e o mais nocivo de todos, raiva.
Não sou afeito aos conceitos da Moderna Psicologia, um amigo meu que é Psicólogo, chegou a rir quando falei que estava mandando um recado
extremamente duro ao meu inconsciente, se de fato é ele o responsável por tais
distúrbios, a minha parte ACORDADA do espírito, abomina e recusa-se
terminantemente a aceitar esta intrusão indesejada, inapropriada e totalmente
carente de sentido prático, e se tem uma coisa que prezo é a praticidade, não
choro por quem não vai chorar por mim, não gasto vela boa com defunto ruim, não
sou saudosista, não remexo no passado, a não ser como referência para uma
tomada de decisão mais positiva onde ela tenha-se demonstrado deficiente
anteriormente, olho sempre à frente, vivo o momento presente, com a certeza
sempre corroborada pelos fatos, de que o
melhor ainda está sempre por vir, tenho uma camada finíssima de orgulho, mas em
contra partida tenho um enorme senso de
dignidade do qual não abro mão. Sou senhor do meu destino e herdeiro de
minhas atitudes, a ninguém inculpo pelos meus insucessos, sou o único e total
responsável pela posição que ocupo no espaço, não me cabendo reclamar de fatos
e principalmente de pessoas, faço tudo o que meu coração ou minha razão acharem
adequadas ao momento, sem a mínima preocupação com o achismo alheio.
Sigo a filosofia da
Lactívia com Johnny Walker, em relação ao que possam pensar ou principalmente
falar de mim, entenda quem puder, não vou explicar. Ah! E como gostam de falar
de mim, eu devo ser bastante interessante.
Foi através desta maneira, a de tornar palpável meus
pensamentos e sentimentos
transformando-os em palavras revestidas de tinta, que em tempos bem
próximos, consegui por fim a um capítulo extremamente duro da minha caminhada,
e tornar esta ferida menos incômoda, pois cura, já sei de longa data, que
determinados fatos não comportam tal desfecho, conviveremos com eles com o
distanciamento requerido e adequado, de forma branda e pacífica, ou a eles
sucumbiremos. A tudo isto, a esta paz de
espírito tão duramente reconquistada, este malfadado sonho vem intentando
destruir.
Assim sendo, vão meus versos, vão cumprir seu papel saneador
de minhas melhores energias, que vocês possam mais uma vez realizar o seu
trabalho de expurgar da minha circulação espiritual, estas toxinas que
envenenam todo e qualquer propósito de
aperfeiçoamento da alma. R.I.P
Ricardo M
AMO VOCÊ
O silêncio do
grito na garganta contido
Reverbera entre as paredes do meu quarto
Recuso-me a todo custo a olhar o nosso retrato
Pois nada disto faz mais o mínimo sentido
Morto está de fato todo o sentimento
Porém, para o meu eterno lamento
Jamais será pleno o seu olvido
O amor transformado em ódio, ou pretensa indiferença
Tem o dom de abalar a calma, corroer a alma
Destruir toda nossa crença
Deixa na boca um gosto amargo
Resíduo do veneno absorvido
No quarto escuro revejo os fatos, já tão desbotados
Olho tudo de um prisma desfocado
O coração em total descompasso
Parece pulsar fora do corpo, deslocado
O silêncio agora em plena ressonância
Mais rápido do que a luz ignora completamente a distância
O eco de sua voz então se faz audível, fraco,
desvalido
Carente de todo e qualquer sentido
Escuto as mesmas palavras tantas vezes repetidas
Causadoras de tantas ilusões e de desditas
Faladas, escarradas, atiradas, cuspidas
Tolas, quase infantis, simples vocábulos, falsas promessas
Sentimento sem sentido, vivido as pressas
Emoções descartáveis, natimortas, não exercidas
Não existe apenas um amor pra toda uma vida
Tudo se resume em uma simples e inútil procura
Apenas uma pequena parte da nossa enorme loucura
Que de tudo quer entender o por que
Contra o que penso e em que de fato acredito
Sufoco a todo custo na garganta este grito
Ao escutar a sua voz na penumbra do quarto a me dizer
Mais uma vez.
Suavemente.
ENGANADORAMENTE
Amo você.
Ricardo M