domingo, 29 de janeiro de 2012

NECESSIDADE VITAL

Por que faço poesia?
Faço, por total necessidade
Pra que toda insanidade
Não invada meu mundo mental
Faço poesia torta
Porém,  pouco me importa
O resultado final
Poesia é a alquimia
Que transforma a escuridão e a tristeza
Em luz, sonho e beleza
Transformando a dor em alegria
Faço rima desconexa
Mas, também não me interessa
O que disto vão dizer
Escrevo  estes versos tolos
Sem toda e qualquer pretensão
Declamo-os em frente a todos
Que me olham espantados
As vezes sem me entender
Faço poesia com a alma
Porque ao fazê-lo acalma
A dor da minha ilusão
Falo de tudo um pouco
Parece coisa de louco
Tudo o que tenho a dizer
Invadem-me mil pensamentos
Sorriso envolto em lamentos
Que procuro de todos ocultar
Escrevo por inconsequência
Negando toda e qualquer evidência
Que não tenha aprendido a amar
Faço poesia,  por sobrevivência
Usando de certa ciência
Às vezes de impaciência
Procuro sons pra  rimar
Faço tudo de improviso
Pois, tudo o que é preciso
É se falar com emoção
Poesia de mar e brisa
Sobre a onda que desliza 
Terremoto e furacão
Vejo poesia em tudo
Recuso-me a ficar mudo
Com tanto que tenho a contar
Poesia sem sentido
Que chega a doer o ouvido
De quem fica a me escutar
Poemas de rara beleza
Que me deixam na incerteza
Que fui eu mesmo a versar
Não tenho medo de nada
Sou viajante na estrada
Também chamada de vida
Faço trova bem modesta
Com a intenção manifesta
De lamber a própria ferida
Grito aos quatro cantos do mundo
Estes versos vagabundos
Que vivem na imaginação
Faço poesia banal
Contudo acho normal
Às vezes falar por falar
Melhor que o choro contido
Do poeta enrustido
O do verso interrompido
Que corroí o coração.

RICARDO M

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

FELIZ LIVRO NOVO


Recebi de um grande amigo, o André, um e.mail com este título, cheguei até a pensar que seria uma campanha para doação de livros, mas estava enganado, era ainda mais importante que um livro, e olha que para mim,  eles têm uma importância enorme na formação de quem eu sou.
Tratava-se de uma crônica, que a pretexto do final deste ano, e consequentemente início de outro, dizia que em todo início de um novo ano recebemos um livro em branco, no qual iremos escrever página a página nossa própria história de vida, pode até parecer um lugar comum dizer que somos os autores de nossa própria história de vida, mas quantas vezes convenientemente, nos esquecemos desta realidade, para falsamente  colocarmos o desfecho de nosso enredo nas mãos de outros  escritores.
Tentamos frequentemente colocar o destino de nossa personagem sob a responsabilidade de outro escritor, que tem por sua vez , apenas uma responsabilidade real, qual seja,  a de escrever o seu próprio livro da vida.
E foi ao ler este e.mail,  que a princípio parecia tão comum, que fiquei a pensar no que eu próprio havia escrito no meu livro de 2011, e vou dizer uma coisa, como em quase toda reflexão íntima que se proponha a ser sobre tudo honesta, não foi sem um determinado espanto que reli algumas desta páginas.
O que mais me constrangeu, foi verificar que durante mais de um terço deste ano, muitas páginas ficaram incompletas, cheias de espaços em branco, algumas borradas, impossibilitando a leitura.
Perdi tempo precioso sem a mínima inspiração para escrever algo digno de nota, páginas onde percebi apenas manchas que pensei serem causadas por algum líquido que eu tivesse derramado no meu livro por descuido, mas como eram tantas e em sequência me vi forçado a repensar o contexto destas ocorrências e muito constrangido percebi que não era um líquido qualquer que havia manchado estas paginas, muito espantado percebi que eram lágrimas que haviam atravessado o ano de 2010 e conspurcaram uma grande parte do meu LIVRO NOVO do ano de 2011.
Tento me consolar, consolo porco, como diria um  outro amigo, que tudo foi aprendizado, o que de fato foi, mas até para aprender  existem métodos mais adequados, mais eficientes, e principalmente muitíssimo menos dolorosos, com o agravante enorme de eu ter prometido a mim mesmo, que o ano que estava por chegar, o ano de 2011 seria diferente, se tiverem dúvida é só lerem o texto referente ao final do ano que passou
Não estou envergonhado da minha fraqueza, afinal sou humano, mas sinto-me um tanto quanto estúpido por só agora perceber a minha inércia literária nestes momentos, linhas mal traçadas, conjugação verbal errada, ausência de concordância, ignorância total das regras gramaticais que regem toda estrutura de nossos textos de vida, logo eu que me julgava um escritor experiente, se não fosse trágico seria cômico.
Mas, a Sabedoria Divina, conhecedora de todos os meandros da nossa narrativa, guiada por esta bondade extrema, com a qual trata toda sua criação literária, se posso usar a metáfora, sempre disponibiliza um novo livro, uma nova chance de escrevermos um verdadeiro best seller, um campeão de vendas.
Como esta Sabedoria esta atrelada a um outro atributo que é o da Justiça Perfeita, não podemos, nem devemos reclamar das condições deste novo livro que agora  nos será entregue no ano que está por iniciar-se, não seria justo, convenhamos,  recebermos o mesmo tipo de papel, lápis e caneta, de quem cuidou com zelo do livro do ano anterior, uma professora tem conceitos diferentes para o aluno que caprichou na caligrafia, cuidou de encapar bem o seu livro, e entregou todas lições em dia, enquanto o outro deixou lições incompletas, ou por fazer, borrou  páginas e deixou em casos mais  extremados  páginas do livro serem arrancadas.
MERITOCRACIA, neste conceito de justiça, tudo o mais encontra seu respaldo, temos o que fazemos por merecer, nada mais lógico e mais perfeito.
Somos herdeiros de nós mesmos, autores de nossa própria história, ou qualquer outra frase de efeito que quiserem escrever, no final, ou para me ater a metáfora, no epílogo deste livro, o final feliz desta história estará sempre sob a responsabilidade do autor e de ninguém mais.
É claro que nesta imensa biblioteca, onde zilhões de livros são escritos, dia após dia, muitas história se entrelaçam, aliás todas as histórias entrelaçam-se, de uma forma ou outra,  algumas de forma direta outras de forma indireta, mas tenham certeza nossas histórias são interdependentes, totalmente.
Lemos parcialmente o enredo dos outros e em contra partida os outros parcialmente leem os nossos textos, e assim, de página em página, capítulo em capítulo, volume em volume, vamos completando nossos livros e preenchendo as prateleiras desta enorme biblioteca que chamamos de vida.
Vou mais uma vez tentar ser um escritor mais efetivo, TENTAREI, vejam bem o tempo do verbo, tentarei  escrever uma história com final feliz, uma história repleta de ética, bom senso, cheia de personagens bem estruturadas, vencedoras, cuidarei mais de cada página, para que não tenham tantas rasuras, erros de concordância, enfim de uma gramática que se não pode ser ainda  perfeita, que ao menos seja agradável a leitura, principalmente pelo próprio escritor, neste caso eu mesmo.
Tomara que ao ler ao final de 2012, o livro a ele referente, eu possa dar muita risada, me emocionar profundamente, e se verter algumas lágrimas, que sejam de reconhecimento ao nosso GRANDE EDITOR,  por haver mais uma vez apostado nos meus dotes literários e me haver dado  uma nova oportunidade de que já que não posso mudar o que já foi por mim  mesmo escrito, ao menos transformar o desfecho final deste LIVRO, para um final feliz, se fosse um filme ao invés de um livro, ao final da projeção, no lugar de THE END, pudesse ler HAPPY END.
Quanto aos filmes. Isto é outra história.
Desejo a todos um Feliz Livro Novo, repleto de boas histórias, repleto de finais felizes.
Um grande abraço e que o GRANDE EDITOR, possa inspirá-los em suas HISTÓRIAS.

Ricardo M

P.S.

 Em virtude de todo este corre corre de final de ano, não consegui postar  este artigo antes de iniciar-se este ano, neste intervalo de tempo perdi um amigo, Paulo Roberto Villela, marido da  minha amiga Solange Wehaibe,  proprietários da livraria VEREDAS.
Os dois são responsáveis por muitas realizações importantes no setor cultural de nossa cidade, Volta Redonda RJ.
Paulo um intelectual sem pretensão de ostentação, homem de sorriso tímido, contudo sempre acolhedor, de fala macia, é um ótimo exemplo de quem soube escrever uma história de vida coroada de sucesso, ético,  generoso, enfim  um escritor best seller.
O fato serviu-me de alerta, conheço poucas pessoas que podem submeter suas histórias de vida, ou dando continuidade a metáfora do texto, seus livros a apreciação do Grande Editor de cabeça erguida..
Paulo construiu uma obra literária de valor inestimável, mas um outro fato deve ser apreendido com tudo o que aconteceu, não importa quão bom escritor possamos ser, nunca podemos esquecer de uma realidade que muitas vezes nos escapa ao entendimento, todos os livros, digo TODOS mesmo, não nos pertencem, são empréstimos que fazemos junto a esta BIBLIOTECA DIVINA e que dia menos dia, sem aviso algum seremos chamados a  ELA devolvê-los e a dar conta da nossa produção literária.
Mesmo sem grande qualificação, torno este texto uma homenagem ao amigo que parte temporariamente  para longe de nossos olhos materiais, mas não tão longe que não possa receber nosso preito de gratidão por tudo que nos legou.
Paulo receba esta singela homenagem, minha prece em forma de texto,, com certeza nosso Pai Maior tem planos de escrever algo muito importante, por isto sua presença foi requisitada.
A gente com certeza, ainda se encontra em alguma destas inúmeras bibliotecas do universo. Até este dia meu amigo

Ricardo M