Olá amigos
Pela primeira vez desde que
comecei a aventura de publicar estes pensamentos imperfeitos, não sei de fato
por onde começar, tenho tanta coisa me
rodeando os labirintos cerebrais, que ou sai algo surpreendente até para mim
mesmo, ou nada que faça o menor sentido, portanto vamos lá ver no que
isto vai dar.
Há algumas semanas atrás estive
em Penedo, colônia finlandesa no sul fluminense, lugar bucólico de uma magia
única, um daqueles lugares que nos faz sentir fora do mundo, por isso gosto
tanto de lá, sempre me proporciona uma fuga do cotidiano.
Estava sentado em uma mesa com
uma... Amiga, deve ser esta a nominação para ser usada
agora, quando de nossa mesa aproximou-se uma senhora vestida de uma forma,
diria pitoresca, dizendo-se poetisa, que
através da venda de seus textos ajudava pessoas carentes.
Vendia cada um de seus textos
pela quantia de um real, isto mesmo um real, apesar de internamente já estar
caindo na armadilha do pré julgamento é
difícil não ser solidário por um real, portanto comprei dois textos da referida
poetisa, a quem quando perguntei o seu nome referiu-se a si própria, como ¨A dona que ajudava os pobres¨, pois como me
disse, o seu nome não era importante,
devo confessar que a afirmação me gerou um enorme desconforto e me pré dispôs contra
ela, pois como diz Emmanuel: A humildade é uma virtude tão volátil, que
quando pensamos tê-la, já a perdemos.
Deixando de lado meus
julgamentos, oriundos da minha própria inferioridade espiritual, ela seguiu seu
caminho e eu então me dispus a conceder a dádiva do meu tempo e da minha
atenção para a leitura dos textos que havia dela comprado, contaminado pela
empáfia que lamentavelmente algumas vezes ainda me atinge, julgando que iria
encontrar baboseiras sem sentido.
Deus sempre escreve certo por
linhas mais certas ainda, não eram poesias, na acepção do termo, mas eram textos
curtos de uma beleza poética, de uma lógica irrefutável e de uma inteligência,
que me atingiram fundo a sensibilidade, me trazendo lágrimas aos olhos, uma grande
parte delas por extrema vergonha em relação aos julgamentos pré concebidos que
tanto luto por não fazer, e que por avaliar apenas o exterior, havia acabado de
mais uma vez a eles sucumbir, diga-se de passagem, que ela havia nos falado ser
engenheira nuclear, e que havia abandonado tudo para ajudar aos pobres. Eu
levei aquilo em conta da soberba.
Vou tentar mudar o assunto para
mais à frente nele retornar juntando as pontas, tomara que possa fazer sentido.
Liberdade, eu quero te conhecer. Uma frase curta, afirmativa, escrita como epitáfio para o fim de um relacionamento. Esta pequena frase me
deu muito no que pensar.
O que é ser livre? Muita gente com melhores qualificações
intelectuais do que eu, já se debruçou sobre esta questão.
O conceito de liberdade, assim
como outros, tais como o de felicidade, é enormemente subjetivo. O que é ser
livre para você? É não ter de prestar conta de seus atos? Não ter de dar
satisfação a ninguém? Como se isto fosse possível. Não depender de ninguém?
Outra impossibilidade. Poder entrar e sair a hora que bem te aprouver? Torno a
questionar. O que é ser livre?
É claro que entendo a afirmação
pelo o que ela tem de mais simples, poder experimentar coisas que nos foram
vedadas é certamente uma forma de liberdade, principalmente para quem foi
tolhido, mas estes conceitos são ilusórios.
Quem pensa que liberdade é fazer
o que quer, como se isto fosse viável, confunde liberdade com egocentrismo, já
me senti diversas vezes prisioneiro de mim mesmo e dos meus próprios
sentimentos, como já me senti plenamente liberto ao lado de outra pessoa.
Liberdade, assim como esta tão
propalada felicidade, são estados da alma, conceitos concretos que vivenciamos
de forma abstrata, estão diretamente relacionados à escala de valores
individuais, tem o tamanho do universo íntimo que cada um trás em si mesmo.
O que eu não conheço, para mim
não existe, portanto o mundo tem para cada um a dimensão do seu conhecimento.
Neste contexto sempre falei que temos de estar com nossas mentes abertas para
viver o novo, tento viver a minha vida com isenção de intenções, como confessei
linhas acima, às vezes falho vergonhosamente no intento, mas sei que isto
também faz parte do meu processo de crescimento, enquanto espírito em processo
contínuo de aprendizagem.
Assim como aprendemos a andar em
passos vacilantes, aquele bamboleio que tanto nos fascina nas crianças e que mata
os pais de preocupação pela contingência dos tombos, vamos aprendendo a
caminhar através dos tropeços da jornada, caímos esfolando o corpo físico,
erramos dilacerando os tecidos finos da alma.
Pronto aqui faço a junção das
idéias que tanto tem me perturbado durante estes dias, um dos textos da minha
amiga dos pobres, leiam isto sem ironia, é assim que ela quer ser chamada, e
tem todo o direito de ser, por mais inadequado que eu possa querer julgar a
denominação, ela ganhou o meu respeito pela profundidade dos conceitos, que com
enorme simplicidade expôs.
Retornando, um de seus textos
falava sobre feridas, um tema muito querido aos meus textos, sempre falo sobre
cicatrizes, mas ainda não havia entendido a sua utilidade plenamente.
Sinceramente não pensei
premeditadamente em fazer o que vou fazer agora, mas como um tributo de
reconhecimento, e mais do que tudo, como um pedido sincero de desculpas pela
avaliação preconceituosa que dela fiz, vou aqui reproduzir literalmente um de seus
textos, do outro farei citações, sempre com os devidos créditos. Prestem
atenção.
FERIDAS
¨ O amor e a sabedoria universal
fazem par constante. Quando o primeiro é surpreendido com um fracasso, o outro
estende seus braços para sustentar o desconhecido, a queda.
Por mais que possamos sentir o
punhal cravado em nosso peito, também devemos saber que o sangue que escorre
pela nossa alma, será o biombo do recomeço. Observemos uma ferida.
A casquinha externa é feia,
reproduz o horror da lembrança da dor, no entanto, abaixo daquela casca, às
vezes horrenda, a natureza tece magicamente o milagre da reconstrução.
São fios valiosos entregues a
mãos preciosas. Talvez o horror daquela casca durante este trabalho, seja um
sinal de aviso para nos afastarmos cada vez mais, deste tipo de armadilha.
É como se houvesse um letreiro avisando do
perigo. Um dia a obra estará acabada, e a casca feia cairá por si só, mostrando
a você a nova obra pronta.
Se por acaso restar uma cicatriz,
não se aflija. Deus decidiu colocar-lhe sempre em estado de vigília. Para que
isto não lhe aconteça nunca mais. ¨
A amiga dos pobres
Sinceramente não sei se fico mais
emocionado ou envergonhado, mas espero ter me redimido da minha falta de
caridade para com ela, tomara que isto tenha se tornado uma cicatriz, eu agora
entendo a finalidade delas.
Olhamos nossas cicatrizes
normalmente com horror, tenho algumas até interessantes, que já deram motivo
para muita história e conseqüentemente para muita mentira também, no meu queixo a lembrança de um tombo de moto, na
clavícula outra resultante de uma queda por um golpe de judô, na cabeça outra
oriunda de uma pedrada, e diversas minúsculas que o tempo apagou da memória a
origem, portanto insignificantes.
As cicatrizes corpóreas já nos
acarretam pesadelos, em virtude da
lembrança dos traumas nos quais elas se originaram, agora o que dizer das que
permanecem ocultas a visão alheia, mas
que são claras aos nossos olhos espirituais e insistem com enorme freqüência em
se fazerem visíveis, vou mais além, insistem com enorme freqüência em
reabrirem-se, voltando a causar dores indescritíveis pela revisitação dos fatos
dos quais elas são as sequelas.
Sei que depois disto, o que eu
normalmente repudiava e escondia de mim mesmo, tornou-se mais fácil de entender
e de aceitar, não chego ao ponto de me orgulhar delas, mas também não as
repudio mais, agora são para mim os avisos de Deus, nos quais passarei a dar
mais atenção.
Mas nem só de cicatrizes vive
este texto, também existem as flores.
Existem flores que não são
para serem colhidas, mas diante da sua suavidade e de sua beleza o instinto de
posse, ou melhor dizendo, nosso ego prevalece. Eu quero, eu consigo.
Segundo a minha amiga: ¨Muitas
vezes é melhor vê-la sempre sorrindo lá no jardim, do que arrancá-la pelo
simples fato de querê-la só para si. (
Que beleza de conceito )
Ainda segundo suas sábias
palavras: ¨ O encontro do nosso eu, com
a nossa essência mais pura, é como um fenômeno da natureza que se dá poucas vezes
dentro da nossa existência, é preciso que nossa sintonia seja marcada pelo
UNÍSSONO ( grifo meu ) dos nossos corações, porque senão, não há razão para ir
ao jardim colher a rosa. ¨
É, acho que agora o meu intento
foi logrado, no meio deste samba do sambista doido as coisas, ao menos para mim
parecem ter se encaixado.
Algumas das minhas mais recentes
e doloridas cicatrizes foram causadas por colher flores que eu deveria apenas
ter deixado vicejando no jardim, contudo como realmente saber se aquela não é a
flor a ser colhida? Como diz a propaganda do Canal Futura, não são as respostas
que movem o mundo, e sim as perguntas.
Aprender a contemplar à distância
as flores nunca foi um traço de caráter que eu pudesse orgulhar de possuir, me
consolo dizendo que são poucos que possuem a sabedoria da contemplação em
detrimento da colheita gananciosa, orientada apenas pelo falso sentido da posse.
Acaba que no final a flor se despetala
e sobra, apenas a haste com os espinhos
para serem mostrados, depois ainda reclamamos das mãos feridas.
Vá conhecer a sua liberdade, vá
sim, sem medo ou angústias, antes que a flor feneça, mas fica um aviso, a ilusão
da liberdade é um dos tóxicos mais poderosos que eu próprio conheço, causador
de traumas e de cicatrizes de difícil reparação, pela falta de compreensão do
que seja LIBERDADE.
Pela ausência deste entendimento,
nos tornamos intolerantes para com a liberdade dos outros, nos isolamos através
da construção de muros de proteção que longe de cumprir esta função, acabam por
nos segregar entrando em confronto direto com aquele outro conceito, o da tal
felicidade, mas aí eu vou precisar de
procurar auxilio com a minha amiga dos pobres, com quem hoje compartilho a
autoria intelectual do texto, se é que ele tem alguma intelectualidade, mas aí
já é falsa modéstia, o que também é outro nome para o orgulho, danado de
aprendizado difícil!
Fiquem com Deus, que o Divino
Semeador, possa orientar nossa colheita e sempre nos lembrar que o limite da
nossa liberdade, sempre termina onde
começa a do próximo, mas vai reconhecer estes limites.
Um grande abraço à todos
Ricardo M
Tenho uma poesia antiga que relutei antes em publicar, pois as vezes o contexto é impróprio, ou pode ser mal compreendido, mas francamente, entendam da forma que quiserem, pois é assim que sempre o fazem. Ela foi inspirada em uma música do Willie Nelson, um cantor country americano, que tem por título: To all the girls I ve loved before. Á Todas garotas que amei.
ESTRADA
Aprendi a não chorar por alguém que não me quer.
Deixo ao destino a escolha do caminho que vier.
Vou levando a minha vida sem qualquer preocupação.
Descobri que a viagem é bela, mas de curta duração.
Vou seguindo a caminhada sem saber onde vai dar.
Mas isto também não me importa, vou por estas vias tortas, sem ter hora pra chegar.
Conto os passos ao caminhar, sem ter rumo ou direção.
Chego a perder a noção do quanto que eu já andei,
Por tantas coisas passei, que chego até duvidar.
Senti o amargor e o desgosto do pranto a molhar meu rosto.
De viver em abandono, feito cachorro sem dono.
Sem eira nem beira ou lugar, que eu pudesse descansar.
O meu corpo dolorido e a alma em exaustão.
Mas foi curta a solidão, pois sempre tive coração que quisesse me abrigar.
Durante esta caminhada, foram muitos os amores.
Se tive alguns dissabores, a ninguém posso culpar.
Seguiram outros rumos na estrada, de alguns não ficou quase nada.
De outros... Me recuso a lembrar.
Mas de todos restou um traço, que nem o tempo e o espaço, vai conseguir apagar.
Que possam ser muito felizes, somos todos aprendizes.
Com muita estrada à rodar.
A todas o meu afeto, cada um com seu trajeto, o destino é um só lugar.
E como é uma só a estrada, às vezes em meio a jornada, a gente volta a se esbarrar.
Fiquem todas vocês com Deus, deixo aqui o meu adeus ou quem sabe um até lá.
Ricardo M
Que Deus te oriente em sua busca. Felicidades. .
Tenho uma poesia antiga que relutei antes em publicar, pois as vezes o contexto é impróprio, ou pode ser mal compreendido, mas francamente, entendam da forma que quiserem, pois é assim que sempre o fazem. Ela foi inspirada em uma música do Willie Nelson, um cantor country americano, que tem por título: To all the girls I ve loved before. Á Todas garotas que amei.
ESTRADA
Aprendi a não chorar por alguém que não me quer.
Deixo ao destino a escolha do caminho que vier.
Vou levando a minha vida sem qualquer preocupação.
Descobri que a viagem é bela, mas de curta duração.
Vou seguindo a caminhada sem saber onde vai dar.
Mas isto também não me importa, vou por estas vias tortas, sem ter hora pra chegar.
Conto os passos ao caminhar, sem ter rumo ou direção.
Chego a perder a noção do quanto que eu já andei,
Por tantas coisas passei, que chego até duvidar.
Senti o amargor e o desgosto do pranto a molhar meu rosto.
De viver em abandono, feito cachorro sem dono.
Sem eira nem beira ou lugar, que eu pudesse descansar.
O meu corpo dolorido e a alma em exaustão.
Mas foi curta a solidão, pois sempre tive coração que quisesse me abrigar.
Durante esta caminhada, foram muitos os amores.
Se tive alguns dissabores, a ninguém posso culpar.
Seguiram outros rumos na estrada, de alguns não ficou quase nada.
De outros... Me recuso a lembrar.
Mas de todos restou um traço, que nem o tempo e o espaço, vai conseguir apagar.
Que possam ser muito felizes, somos todos aprendizes.
Com muita estrada à rodar.
A todas o meu afeto, cada um com seu trajeto, o destino é um só lugar.
E como é uma só a estrada, às vezes em meio a jornada, a gente volta a se esbarrar.
Fiquem todas vocês com Deus, deixo aqui o meu adeus ou quem sabe um até lá.
Ricardo M
Que Deus te oriente em sua busca. Felicidades. .
Você toca num ponto interessante: liberdade. Quem a tem? É filosófico!... O caso da mulher que vende "versos", hoje tão comum; sempre nos encontramos (aqui mesmo em BM), com alquém vendendo "suas xerox" de poesias.Sempre caímos em julgamento. Mas, nesse infinito de palavras e autores, desde a Grecia antiga, poesias e textos são como as estrelas no céu. Vai que alguém achou um texto "oitocentistas", ou dos livros queimados ou papiros e seja "poeta bastante" para copiá-lo? Não tem jeito, viu; temos sempre a predisposição de substimar o outro; de julgar. Belo Texto!Grande abraço!
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