quinta-feira, 21 de abril de 2011

SOLIDÃO


Olá amigos.

Solidão, sentimento de vazio interior, insatisfação com a própria companhia, no exato momento em que escrevo estas palavras, me atravessa o pensamento os versos da música de Djavan que dizem assim: Nem que eu bebesse o mar, enxeria o que eu tenho de fundo. A Teoria Musical é infalível, neste caso então,  é exemplar.Já me senti solitário em vários momentos  desta minha caminhada, a introspecção que me foi exigida recentemente, esta tão propalada viagem ao interior de si mesmo, que todos sabem ser tão necessária, e ao mesmo tempo é tão temida e portanto evitada a todo custo, vem cobrando seus tributos, e constatei que meus impostos devidos são de valor muito alto e o coletor destes impostos é inflexível, e é de todos nós bem conhecido, atende pelo nome de CONSCIÊNCIA. O exame de consciência, reflexão íntima, requer muito de nossas limitações, é necessário ser verdadeiro consigo mesmo, mentimos tanto para nós mesmos, que acabamos por fingir acreditar na falsa imagem por nós próprios criada, a qual pretendemos seja verdadeira, mas nada mais é que um frágil avatar que não resiste ao olhar mais minucioso.Exige que deixemos nosso orgulho de lado e que olhemos com olhar crítico o cenário que se descortina na parte interna desta janela, olha se da paisagem para o interior do veículo, ou melhor dizendo ainda, olha-se não o veículo, mas o real condutor, o motorista, se posso abusar um pouco mais da metáfora. A Lei da Destruição é extremamente mal compreendida pela quase totalidade das pessoas, contudo pergunto:  Como refazer, reformar, melhorar, ampliar qualquer construção ou obra que seja, sem que para isto não seja compulsoriamente necessário, em muitos casos colocar a edificação anterior totalmente no chão? Em alguns casos, a derrubada de algumas paredes, uma simples troca de telhas, uma reposição de pisos soltos, a troca da parte elétrica ou hidráulica dá conta do recado, mas mesmo aí, o barulho das marretas, o pó dos escombros, e a retirada dos conseqüentes entulhos se faz premente, quem já construiu ou reformou alguma vez na vida,  entende perfeitamente a analogia.Minha inteligência é privilegiada, melhor dizendo, meu conhecimento é privilegiado, construído através de uma incurável curiosidade amparada pelo delicioso hábito no meu caso, compulsivo, da leitura indistinta de tudo o que me cai à mão, troquei o vocábulo, pois conhecimento quando usado sem o balizamento da inteligência, só serve de agravante da pena, já o conhecimento usado com inteligência transforma-se em sabedoria.Nosso mundo interior, a imagem e semelhança do mundo exterior, não fracassam pela falta de informação, de conhecimento, a intelectualidade humana, realizou prodígios de evolução, realizando em poucos anos uma revolução assombrosa do nosso conhecimento científico, a falha geológica causadora de tantos movimentos sísmicos na nossa crosta emocional, a grande lacuna, reside no nosso lamentável desenvolvimento moral. A disparidade de nível entre nosso conhecimento e a nossa moralidade, é ainda insondável, abissal, vivemos conectados a tudo e a todos, mas de uma forma ainda muito virtual, ( conectados de forma desconexa ), não resisti ao jogo de palavras, destituída de valores mais sólidos, é tudo muito imediato e descartável, conduzido a uma velocidade tal, que nos impede de fazer uma reflexão mais acurada do que fazemos com nossas vidas, e no processo contaminamos nosso convívio diário, familiar, afetivo, emocional, robotizamos nossas emoções na ânsia espúria de desfrutar inconseqüentemente de tudo e de todos que atravessem nosso caminho, como se para tudo não existisse  conseqüência, sendo talvez o ápice desta caminhada insana, perceber que no final estamos sozinhos, melhor dizendo, estamos solitários, pois  acredito plenamente que ninguém está sozinho. Lembrei-me de um trecho final  de um samba que diz assim: Hoje diante do espelho, eu vi meus olhos vermelhos. Percebi que a vida que eu vivi foi ilusão. Agradeço por tudo o que venho passando, para dizer a verdade em momentos mais críticos, não agradeci muito não, rsrs, porém assim que o meu pouco bom senso retorna, entendo novamente a veracidade de que ninguém carrega cruz maior que as próprias costas, e que ninguém é responsável, a não ser eu mesmo pelo peso inerente a ela. Lei de Causa e Efeito, contraponto a total liberdade que o Criador nos concedeu ao nos dar nosso Livre Arbítrio. O plantio, a semeadura é totalmente opcional, nossa vontade é soberana, contudo a colheita por seu lado é impositiva obrigatória. Não existe tempestade para quem não semeou o vento. Só por escrever tudo isto, o vazio já se faz menor, talvez eu tenha que desconsiderar meu amigo Djavan, não vai ser necessário beber o mar, quem sabe só em admirar sua grandeza, e por conseqüência deste olhar mais espiritualizado através dele ter um pequeno vislumbre do Autor,  assim procedendo eu possa me entender e me ver como parte atuante e extremamente privilegiada desta criação magnífica, onde ninguém está de fato sozinho, estou em boa companhia, que Ela permaneça comigo, hoje, agora e sempre. Que assim seja. Um grande abraço a todos. Fiquem com Deus.
Ricardo M.

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